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set
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Cuidar da primeira infância também é papel das empresas

A pesquisa Melhores Empresas  para Trabalhar no Brasil, reali zada pelo Great Place to Work – (GPTW), maior autoridade mundial na avaliação da qualidade do ambiente de trabalho, incluiu pela primeira vez ferramentas para mensurar quanto as empresas se preocupam em oferecer benefícios para funcionários com filhos de 0 a 6 anos. A iniciativa contou com o apoio da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e da United Way Brasil.

Seis organizações se destacaram ao valorizar o bem-estar das crianças e das famílias, proporcionando um ambiente com condições para que os colaboradores possam equilibrar trabalho e criação de seus filhos. As vencedoras foram, em ordem de colocação: Johnson & Johnson, Takeda, Whirlpool, Cisco, IBM e Santander.

Foram levados em consideração os seguintes critérios de avaliação das empresas: ampliação das licenças-maternidade e paternidade, flexibilização dos horários de trabalho, auxílio-creche acima do mínimo regulamentado pela lei e oferecido também a funcionários homens, além de espaços para amamentação ou coleta de leite materno.

 

Atenção à primeira infância na prática

A multinacional americana Johnson & Johnson, por exemplo, tem investido em uma série de ações com o objetivo de influenciar positivamente a relação dos pais com seus filhos na primeira infância. A companhia oferece, tanto para gestantes quanto para os futuros pais, workshops sobre o assunto, além de licença estendida e lactários no local para as funcionárias. Em 2018, ampliou a licença-paternidade de 15 para 40 dias úteis (num total de 56 dias). O benefício também vale para o caso de adoção, e inclui casais homoafetivos.

Guilherme Rhinow, diretor de RH da Johnson & Johnson, explica que a companhia viu nas ações voltadas à primeira infância a oportunidade de aumentar o engajamento e a conscientização de seus colaboradores. “Sabemos como é importante o crescimento saudável nessa fase, por isso passamos a oferecer uma série de programas”, diz. Os efeitos, avalia o executivo, não são sentidos apenas no ambiente interno, mas também chegam ao público externo, já que há um reflexo positivo na reputação da companhia.

Rhinow acredita que exemplos como o da Johnson & Johnson podem servir para motivar outras empresas a criarem internamente ambientes favoráveis ao relacionamento dos pais com seus filhos pequenos. Mas ele lembra que toda transformação cultural leva tempo. “As empresas vão perceber gradativamente que isso é importante. Mas é fundamental que esse movimento consiga despertar o interesse dos pais em estar mais próximos de seus filhos, o que passa por uma transformação cultural da sociedade. Adotamos essas práticas pensando também no futuro”, comenta o diretor de RH.

 

As empresas e seus funcionários. A sociedade e suas crianças. Desafios similares

Como ressaltado por Rhinow, além de ganho de credibilidade, retenção de talentos e atração de possíveis novos clientes, programas desse tipo têm impacto na produtividade dos funcionários, reduzindo o absenteísmo.

Mas enquanto as corporações vencedoras mostraram uma série de diferenciais, o desempenho médio das companhias que participaram da edição deste ano mostra que é preciso avançar bastante. O tempo médio de licença-maternidade dentre as 150 melhores empresas para trabalhar é de 5 meses. Já o prazo para licença-paternidade é de 12 dias. De acordo com a pesquisa, 49% das participantes confirmaram que oferecem licença-maternidade de pelo menos seis meses. No ano passado esse número era de 39%. Já a participação de corporações com licença-paternidade de no mínimo 20 dias passou de 29% para 39% no último ano. Apesar do aumento percentual, o número ainda não chega à metade das empresas pesquisadas.

 

85% dos pais fariam qualquer coisa para estar perto dos filhos

Para os pais, o tempo com os filhos recém-nascidos é muito valorizado, como confirma pesquisa divulgada em junho pela ONG Promundo.

A terceira edição do relatório Situação da Paternidade no Mundo mostra que 85% dos pais ouvidos na Argentina, no Brasil, no Canadá, no Japão, na Holanda, no Reino Unido e nos Estados Unidos dizem que fariam “qualquer coisa” para aumentarem seu envolvimento nas primeiras semanas e meses de cuidado do bebê, inclusive no caso de adoção.

As principais barreiras para que esse desejo se realize são a falta de licença-paternidade paga e adequada e o baixo uso desse período de licença quando disponível; normas de gênero que posicionam o cuidado como responsabilidade das mulheres; falta de segurança econômica e apoio governamental para mães, pais e cuidadores.

Essa falta de tempo do pai com o filho impacta nas condições da mãe. As mulheres, segundo a pesquisa, dizem que se os homens tirassem a licença-paternidade haveria um efeito positivo na saúde delas. Nos sete países de renda média e alta pesquisados, cerca de 65% das mulheres dizem que as mães teriam melhor saúde física, e em torno de 72% afirmam que teriam melhor saúde mental se os pais tirassem pelo menos duas semanas de licença-paternidade. (Fonte: Época Negócios)