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set
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4 tendências de comportamento e consumo para ficar de olho

O modo como as pessoas consomem mudou. Se numa ponta dessa transformação está a tecnologia, na outra há temas tão humanos quanto propósito e impacto social. Em meio a essa complexa combinação, como as empresas devem se comportar? Foi com essa pergunta em mente que cinco executivas de diferentes áreas do varejo se reuniram no final do mês passado, durante o LATAM Retail Show.

Raquel Paternesi, diretora de marketing do Bob’s; Rita Almeida, chefe de planejamento da F/Nazca Saatchi & Saatchi; Silvana Balbo, diretora de marketing do Carrefour; e Simone Sancho, gerente executiva de marketing digital e relacionamento com o cliente da Sephora, participaram do debate “Desejos contemporâneos 4.0”, mediado por Beth Furtado, da Alia Mkt Decode.

 

Propósito e impacto

O interesse dos consumidores por marcas com propósito e compromissos que vão além do lucro foi o tema mais frequente em toda a conversa. Do varejo alimentício ao consumo de maquiagens, ele se reflete no aumento do consumo de itens mais sustentáveis, sem ingredientes de origem animal e sem testes em bichos. O interesse pela origem dos produtos também aparece, com destaque para a rastreabilidade de sua cadeia de produção.

 

No caso dos alimentos, as mudanças também incluem uma busca por consumos mais saudáveis. Mas, para Raquel Paternesi, do Bob’s, a tendência não veio para substituir totalmente os antigos hábitos. “O que entram são momentos de equilíbrio. Da mesma forma, há momentos em que a pessoa quer consumir algo rapidamente, mas continua querendo saber de onde o alimento vem e se é natural ou processado”.

 

Poder das redes

Que a internet é um canal importante para todo o mercado, não há dúvidas. Nos mercados de moda e beleza, segundo Simone Sancho, da Sephora, 40% dos carrinhos de compras em e-commerce passam pelas redes sociais, por exemplo.

Para as grandes empresas, porém, há um outro lado na moeda. Assim como servem para sua própria disseminação, nelas também nascem novas marcas e negócios com alto potencial competitivo. “Hoje, 30% do mercado de beleza pertencem a empresas que não existiam há três ou quatro anos”, diz. Ela aponta Kylie Jenner, uma das irmãs Kardashian, como um exemplo significativo de criação e conversão baseadas em rede.

 

Cliente no centro

Se há alguns anos o preço era a única ou a principal variável entre varejo e consumidor, hoje as empresas precisam de outras estratégias para conquistar e manter seu espaço. Silvana Balbo, do Carrefour, aponta que o crescimento do leque de preocupações do consumidor – incluindo as próprias questões de propósito, origem e saúde, entre outras – faz com que as comunicações massivas não funcionem bem como antes. “Hoje, enxergamos os consumidores de acordo com a jornada e o vemos no centro de um ecossistema. É preciso entender como ele se comporta, do que gosta e como entregar o que ele espera”, diz ela.

 

Um dos insights, segundo ela, é de que os consumidores querem tecnologia, mas não abrem mão da interação. Para não perder escala, o desenvolvimento de assistentes virtuais é uma opção nesse meio – e ainda garante dados relevantes para a empresa.

 

Lidando com pessoas

Mesmo diante de tantas tendências, não se pode esquecer que, antes de consumidores, as pessoas são essencialmente humanas. É o que afirma Rita Almeida, chefe da F/Nazca Saatchi & Saatchi. Entre as tendências mais urgentes destacadas por ela está a de simplificar, de verdade, a relação de consumo.

“O número de escolhas feitas por dia por uma pessoa pode chegar a 35 mil. Como resultado, temos o que chamamos de fadiga da decisão. Por isso, em meio a milhares de opções, as pessoas preferem marcas que simplificam o processo de compra”, diz.

Com a perda da confiança em instituições públicas, ela aponta, também, para uma oportunidade e necessidade de as empresas assumirem posições de impacto nas vidas, nas cidades e nas sociedades em que estão inseridas. “Em meio a tantas mudanças profundas, as pessoas passaram a se relacionar de forma mais humana com as empresas, com crenças e visões compartilhadas.” (Fonte: Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios)